Convite ao Desprendimento (Joanna de Ângelis)

“Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões penetram e roubam...” (Mateus: capítulo 6º, versículo 19.) 

Desprendimento na qualidade de desapego, não de estroinice nem dissipação. 

Todo e qualquer motivo que ata à retaguarda sob condicionamentos retentivos se transforma em cadeia escravizante. 

Os objetos a que o homem se apega valem os preços que lhes são emprestados, constituindo-se elos a impedirem o avanço do possuidor, na direção do futuro... 

Desapego, portanto, em forma de libertação do liame pessoal egoístico e tormentoso que constitui presídio e patíbulo para quem se fixa negativamente como para aquele que se faz sua vítima afetiva. 

Libertar-se das aflições constritivas, asfixiantes, para marchar com segurança. 

Doa com alegria quanto possas, generosamente. 

O que distribuis com equilíbrio e lucidez multiplica-se, o que reténs reduz-se. 

Abundância, como excesso engendram miséria e loucura. 

Distende assim, mão generosa na alfândega da fraternidade, mas libera-te da emotividade desregrada, da posse afetuosa a objetos, animais e pessoas, porquanto mais carinhos que te mereçam, mais devoção que lhes dês, chegará o dia de atravessares o portal do túmulo, fazendo-o em soledade, livre de amarras ou jungido ao que se demorará, a desgastar-se pela ferrugem, pelo azinhavre, corroído ou simplesmente em trânsito por outras mãos ante a tua tormentosa impossibilidade de reter e interferir. 

Joanna de Ângelis;
Psicografia: Divaldo Pereira Franco.



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