Alertas durante o sono (Lucius)

O grupo espírita comandado por Ribeiro havia recebido, durante o sono, recados a respeito dos momentos difíceis que se apresentariam para todos eles…

NO DIA SEGUINTE, ADELINO E JERÔNIMO VOLTARAM à instituição para conferir o efeito das exortações da noite anterior.

A instituição prosseguia suas tarefas em grande afluxo de pessoas. Os trabalhadores encarnados, cada qual em seu posto específico, revezavam-se nas diversas atribuições.

Os dirigentes físicos, empenhados nas lutas diárias frente à administração de recursos escassos, se desdobravam para conseguirem atender aos objetivos primordiais. No entanto, o que se observava na grande maioria é que haviam despertado no dia seguinte quase que sem nenhuma lembrança do evento noturno.

Cumprindo rotinas administrativas ou pedagógicas, boa parte deles trazia o pensamento marcado pela mecanização das tarefas, distanciados do aprofundamento necessário ao desenvolvimento de uma sintonia superior, esquecidos do fato de que, em qualquer instituição espírita, a direção principal não é a dos homens e, sim, a dos Espíritos.

Quando os encarnados pensam que são eles os principais membros dessa equipe, fecham a sensibilidade às sugestões dos tutores que coordenam e encaminham a obra divina, criando barreiras ao bom andamento dos objetivos superiores e permitindo que as interferências inadequadas se façam mais intensas. Daí surgem as disputas, as divergências e os conflitos internos, com as entidades obsessoras atuando sobre os que se mostrem sensíveis aos seus desejos.

Sempre o velho orgulho e o egoísmo na base de todos os problemas.

Para espanto dos dois Espíritos, boa parte dos que ali se apresentavam para os variados tipos de colaboração não havia, sequer, elevado a Deus uma oração de agradecimento pela noite de descanso e pelo dia de novas oportunidades.

Assemelhavam-se a autômatos, robôs programados para dar aulas, aplicar passes, receber Espíritos, fazer cálculos, asfixiando a sensibilidade para a conexão com as inspirações superiores.

— Mas, Jerônimo, como é possível haver uma coisa dessas? – perguntava Adelino, impressionado com a ausência de sensibilidade da maioria dos trabalhadores.

— Ora! Adelino, parece que você não vive na Terra, meu irmão! O que esperava deles? Que se transformassem da noite para o dia? Além do mais, precisamos dar tempo ao tempo. Quando jogamos a semente no solo, não é já no dia seguinte que vemos o jardim florescente. Mesmo depois de acomodada no subsolo, a semente ali permanece por alguns dias, reagindo às novas condições do ambiente, até que isso promova a germinação do princípio vital em suas entranhas e, por fim, o broto surja, rasgando o chão.

Do mesmo modo, observamos aqui a ausência de meditação ou de decisão na maioria dos nossos irmãos de caminhada espírita.

Somente aqueles que possuam uma ligação íntima e sincera com a causa do Cristo, aqueles que vêm lutando para matar o eu personalista e suprimir o próprio interesse diante dos interesses maiores da doutrina de amor é que estão devidamente harmonizados com as diretrizes celestes e podem captar-lhes as intenções a qualquer hora e de forma mais lúcida.

Somente aqueles que aceitaram “morrer” para si mesmos é que podem saber melhor qual é a vontade do Pai. No entanto, Adelino, não desanime porque, dentro de mais alguns dias, os efeitos poderão ser observados no íntimo de cada uma dessas “sementinhas”.

Lucius;
Psicografia: André Luiz Ruiz;
Do livro: No Final da Última Hora, cap. 10.



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