Visão espiritual de um Centro Espírita (Lucius)

OS TRABALHOS ESPÍRITAS NA INSTITUIÇÃO QUE RIBEIRO (Espírito) dirigia se avolumavam a cada dia. Fruto das características renovadoras a que estava submetida no período de transição evolutiva, multiplicavam-se frentes de trabalho na Terra.

No lado físico, trabalhadores encarnados encontravam sofredores por toda parte, não somente quando visitavam os lugares afastados onde a miséria estabelecera a sede de seu império de andrajos e tragédias.

Não passava um dia sem que um ou outro dos servos do bem fosse procurado por alguma notícia infeliz.

Aqui era a doença de um conhecido que jamais suspeitara possuir qualquer gravame físico e que, repentinamente, vira o corpo tomado por focos cancerígenos a exigir tratamento complicado.

Ali, o desfazimento do lar de um ente querido ou algum amigo incapaz de superar desafios morais ou tentações variadas.

Além, problemas materiais decorrentes da volúpia e do descontrole diante dos convites sedutores de um mundo de ilusões, levando pessoas aparentemente equilibradas a cobiçarem coisas inacessíveis às suas posses, mergulhando na aventura de dívidas de longo prazo, preâmbulo de mais profundo desequilíbrio.

Por toda parte, um suceder de armadilhas soezes, nos relacionamentos viciados pela sedução, nos oferecimentos de facilidades para o exercício dos prazeres descontrolados, entronizando a ilusão dos sentidos como o deus das criaturas.

O sistema seguia oferecendo adocicado veneno aos que, iludidos, gostavam de açúcar.

E, por isso, os trabalhadores da instituição onde Jerônimo, Adelino, Bezerra e Ribeiro se concentravam em esforços renovadores também viviam assoberbados por notícias infelizes, procurando ajudar tanto quanto podiam, trazendo nomes, pedindo vibrações ou encaminhando os aflitos aos trabalhos regulares nos quais ouviriam as exortações do Evangelho e receberiam as forças da fluidoterapia fraterna.

Isso sem falar do cortejo de famintos materiais e morais que por sua própria conta acorria à instituição nos dias e horários destinados ao atendimento normal.

Confirmando a urgência do momento, os cooperadores invisíveis precisavam organizar-se porquanto o simples fato de abrir suas portas nos horários de funcionamento normal do centro espírita decuplicava o número das criaturas que reclamavam socorro.

Isto era devido ao fato de que cada encarnado que comparecia levava um conjunto de Espíritos infelizes que a ele se associavam, num cortejo de dores e influências de difícil solução, mas de importante tratamento.

Era comum encontrar-se um encarnado assediado por oito, dez ou mais entidades, isto sem falar no imenso contingente dessas que ficava impedido de ingressar em decorrência das barreiras vibratórias que demarcavam o perímetro de defesa da instituição, no plano invisível.

Assim, nas noites em que o número dos encarnados chegava a cem, contavam-se entre oitocentos a mil os Espíritos que os acompanhavam, além dos que se afastavam da entrada, bloqueados pela vigilância da instituição.

Ao lado dessa população, diversas caravanas espirituais em incessante trabalho de resgate visitavam as moradias de cada frequentador que havia comparecido, de lá trazendo entidades perturbadoras para tratamento.

Mas não era só.

Atraídos pela intensa luminosidade que emanava daquele fulcro de esperanças qual poderoso farol na escuridão milhares de desencarnados aflitos, desesperados, cansados de sofrer, arrependidos e até mesmo aqueles rebeldes e vingadores vinham de distantes regiões, na busca de atendimento, no desejo de deixar aquela vida de misérias e aflições ou no intuito de atacar a casa de oração, no esforço de apagar-lhe a influenciação benéfica e que atingia longínquos rincões pela luz emitida.

Outros procuravam pelas forças físicas produzidas pelos corpos vivos, conhecidas pelo nome de fluido vital. Entidades de pouca elevação que lhe conheciam o poder e os efeitos sabiam que, manipulando referidas energias, sentir-se-iam fortificadas, capacitando-se para atuações mais diretas junto dos encarnados pela manipulação, em certa medida, da matéria densa.

Ao lado desse contingente imenso de almas, havia aqueles Espíritos que, confiando nas forças espirituais que ali se concentravam, rogavam o atendimento para seus familiares aflitos, pessoas ainda vivas no mundo que, por não conhecer as leis espirituais, ignoravam a causa vibratória de seus problemas.

Pais e mães, filhos e irmãos continuavam, do lado de lá da vida, preocupados com os que haviam ficado na Terra, tentando ajudá-los na superação de suas dores variadas. E quando tais desencarnados, por sua influência positiva, não eram capazes de fazê-lo, recorriam a uma instituição como aquela, como alguém que se socorre da solicitude hospitalar, suplicando a visita do médico no amparo dos queridos do coração.

Traziam o endereço, relatavam sucintamente o problema e eram encaminhados ao atendimento em vasto ambiente, uma vez que também eles, apesar de estar desejando o bem dos ficaram no mundo, em sua maioria eram necessitados, gorando a própria necessidade, tornando-se dignos de também se beneficiar dos recursos que solicitavam para outros.

Depois de ver seus pedidos cuidadosamente encaminhados aos Espíritos que se ocupariam da ajuda possível em cada caso, eram convidados para participar da reunião da noite, escutando a mensagem do Evangelho que seria traduzida em palavras por algum orador da instituição, além de receber os salutares eflúvios do ambiente, magnetizado pelas generosas forças superiores com a finalidade terapêutica que alivia dores, consola angústias e fortalece a compreensão.

Então, em uma noite na qual o salão físico da instituição contasse com um público de cem pessoas, o “salão” espiritual estaria ocupado por mais de dois mil ouvintes que, separados em ambientes específicos, eram aqueles Espíritos que acompanharam os encarnados somados aos demais convidados ao conclave dentre os que haviam ido até lá solicitar o auxílio da instituição.

Com um universo desses, uma casa espírita era de impressionar pelo volume e pela diversidade de tarefas que ali se realizavam.

Espíritos médicos atendiam a todos os encarnados auxiliando-os com renovação de energias, medicação para o corpo e para a alma, enquanto outras entidades amigas auxiliavam no diálogo fraterno com os seus acompanhantes invisíveis, promovendo a liberação dos liames magnéticos que os prendiam aos que aguardavam o início da palestra da noite.

Verdadeiro batalhão de trabalhadores devotados precisava orquestrar-se para atender as diversas frentes, exigindo disciplina e profundo sentido do dever a fim de que tudo se cumprisse com ordem e eficiência.

Quando terminava a reunião pública dos encarnados, isso não significava alívio do trabalho dos Espíritos.

Depois das sementeiras evangélicas de que eram objeto, os vivos voltavam para suas casas, mas, invariavelmente, eram acompanhados por amigos invisíveis que tinham a missão de auxiliá-los na interiorização do ensinamento, cooperando com a germinação da semente, visando ao seu crescimento e à frutificação futura.

Sim, era um trabalho de jardineiro que, de sol a sol se empenha para que a plantinha tenra seja protegida e reúna as condições de, um dia, produzir tudo quanto foi preparada para gerar.

Então, entidades amigas iam com eles ao lar, preparando–lhes o repouso do corpo e, muitas vezes, logo que o sono físico os libertava das amarras orgânicas, traziam-nos à casa espírita para a continuidade dos ensinamentos, consolidando os conceitos na mente espiritual, além de submetê-los a aplicações magnéticas de refazimento, de despertamento ou de revitalização ante os desafios que teriam pela frente.

Muitos voltavam para frequentar os cursos ministrados por sábios instrutores, como alunos que vão a aulas regulares para o desenvolvimento de suas potencialidades.

Era esse um outro setor de trabalhos da instituição espírita.

Lucius;
Psicografia: André Luiz Ruiz;
Do livro: No Final da Última Hora, cap. 19.




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