Transição em andamento (Lucius)

Em todos os lugares, preparados em seu inconsciente, haviam mergulhado no corpo de carne Espíritos semeadores de virtudes, trabalhando em favor de todos, a servirem de arautos anunciadores da grande festa.

Isso seria muito importante porque, catalisados pelos exemplos nobres desses missionários anônimos, agregar-se-iam muitos dos que, cansados do velho estilo de viver, buscassem nova forma de construir o próprio futuro.

Membros da cansada família humana, desgastada nos atritos da expiação dos erros do passado, encontrando a lógica do bem e a ela se entregando como aquele que se agarra à tábua salvadora, sobre a qual deposita as suas mais profundas esperanças, poderiam renovar suas disposições nos momentos derradeiros que antecedem a tormenta.

Para todos, estava aberta a possibilidade da iluminação da consciência por meio do arrependimento e da implementação de novas atitudes. Era esse o grande papel dos Espíritos renascidos no mundo físico neste período, cuja vontade de servir conduzisse seus atos na direção da iluminação coletiva, empenhando nesse esforço todas as suas energias e, renunciando à concretização dos sonhos pessoais, trabalhando para o despertamento de seus semelhantes.

Para isso, atuavam em todas as áreas da vida humana, da religião à ciência, dos movimentos de conscientização popular à defesa dos menos favorecidos, da proteção do meio ambiente à exemplificação da higiene pessoal aos que aprendiam os primeiros passos de uma vida civilizada.

Professores que serviam por ideal na educação de crianças rebeldes ou jovens iludidos, pais que se dedicavam à modelagem de almas indiferentes na condição de filhos, maridos e esposas lutando pela consolidação de um lar virtuoso e nobre, empresários honrados preocupados com os deveres sociais, sacerdotes humildes e retos que não se dobravam ao cultivo do bezerro de ouro, agentes públicos e servidores do povo cumprindo deveres sem se dobrarem à corrupção de seus ideais, todos os que se enquadravam nestas virtudes faziam parte dos enviados por Deus e Jesus na moralização de um mundo apodrecido e carcomido pelos vícios.

Daí que seus esforços seriam remunerados pelo cêntuplo de seus sacrifícios caso permanecessem fiéis à empreitada que aceitaram, porquanto deveriam mourejar em um ambiente antagônico, verdadeiramente hostil a tudo quanto defendiam.

A todos os que fossem fiéis até o fim, estes se considerariam quites com a lei.

Então, apesar de toda a crise da maldade que existia e se fazia proliferar no âmago dos invigilantes e despreparados, da agitação das entidades inferiores e rebeldes ante a definitiva perda de seus domínios, a vigilância do Altíssimo cuidara de semear por todos os lados da humanidade os chamamentos à transformação indispensável, antes que as portas da arca se fechassem.

Era o convite espalhado a todos, por meio do qual o rei pretendia trazer ao casamento de seu filho todos os que aceitassem nele comparecer, bastando que aceitassem usar a roupa adequada, conforme a parábola utilizada por Jesus:

Falando ainda por parábolas, disse-lhes Jesus: O reino dos céus se assemelha a um rei que, querendo festejar as bodas de seu filho, despachou seus servos a chamar para as bodas os que tinham sido convidados; estes, porém, recusaram ir. O rei despachou outros servos com ordem de dizer da sua parte aos convidados: Preparei o meu jantar; mandei matar os meus bois e todos os meus cevados; tudo está pronto; vinde às bodas. Eles, porém, sem se incomodarem com isso, lá se foram, um para a sua casa de campo, outro para o seu negócio. Os outros pegaram dos servos e os mataram, depois de lhes haverem feito muitos ultrajes. Sabendo disso, o rei se tomou de cólera e, mandando contra eles seus exércitos, exterminou os assassinos e lhes queimou a cidade.

Então, disse a seus servos: O festim das bodas está inteiramente preparado; mas, os que para ele foram chamados não eram dignos dele. Ide, pois, às encruzilhadas e chamai para as bodas todos quantos encontrardes. Os servos então saíram pelas ruas e trouxeram todos os que iam encontrando, bons e maus; a sala das bodas se encheu de pessoas que se puseram à mesa.

Entrou, em seguida, o rei para ver os que estavam à mesa, e, dando com um homem que não vestia a túnica nupcial, disse–lhe: Meu amigo, como entraste aqui sem a túnica nupcial? O homem guardou silêncio. Então, disse o rei à sua gente: Atai-lhe as mãos e os pés e lançai-o nas trevas exteriores: aí é que haverá prantos e ranger de dentes; porquanto, muitos há chamados, mas poucos escolhidos. (S. Mateus, cap. xxii, vv. 1 a 14)

Aproximando-se as núpcias do Cristo, toda a festa estava preparada, com a presença dos enobrecidos cooperadores e servidores do rei, representados pelas diversas humanidades que se uniam no banquete da grande comemoração.

Só estavam faltando os convidados para o festim. Infelizmente, observava-se que, se alguns compareciam como convidados, boa parte dos que haviam sido honrados com a convocação estavam mais preocupados com seus negócios ou com seus prazeres do que com a sua participação na grande comemoração.

Não estavam faltando nem o rei, nem o noivo, nem os servos prontos para augusta comemoração. Agora, quando tudo estava pronto, chegara a hora de lastimar pelo destino dos que preferiram as coisas do mundo como, também, de aferir se os que aceitaram ir à festa, trajavam, de verdade, a veste nupcial adequada a nela tomarem parte.

Espírito Lucius;
Psicografia: André Luiz Ruiz;
Do livro: No Final da Última Hora, cap. 36.




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