Entendamos os Sinais (Lucius)

Mateus, 24, vv. 29 a 31: 

E logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas. 

Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; e todas • as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do Homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória.

E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus. 

Mateus,25, vv. 31 e 32: 

E quando o Filho do Homem vier em sua glória, è todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; 

E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; 

E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda.

•  •  •

Ali estavam, ao redor da morada dos homens, as comunidades espirituais que com ela guardavam ligação ancestral, além daqueles que se postavam quais 

pelotões de retaguarda, atendendo ao chamamento do augusto general, prontos para demonstrarem a solidariedade real nas horas difíceis das provas coletivas. 

Eram os chamados de uma a outra extremidade dos céus que compareciam, aceitando o convite ao banquete de luz que se organizara desde os milênios passados. 

O coração amorável de Maria presidia a elevada cerimônia, que contava com as mais puras entidades ligadas à pedagogia divina com vistas ao progresso da criatura, segundo os objetivos da criação. 

Faltava, tão somente, o nascimento do filho, a chegada do augusto governante para assumir a posição no importante conclave, denotando-se que tal evento não estaria longe no tempo dos homens. 

Imagine-se uma sala de aula na qual o professor deixe os alunos com as respectivas provas e se ausente, confiando na honestidade e integridade de cada um. 

Ao fazê-lo, o mestre deixa a cada um o controle de si mesmo, confiando na condição moral e na seriedade de propósitos dos que estão sob o teste. 

O bom aluno, aquele que se preparou para o evento pelo estudo das lições recebidas, não precisa recorrer à fraude para lograr o sucesso na solução dos problemas. Honesto, responde o que sabe e não se preocupa se está ou não sob fiscalização do professor. 

O mau aluno, aquele que não fez a lição nem estudou como deveria, certamente poderá ser tentado a fraudar, demonstrando a sua desonestidade. Por não ter cumprido o dever que lhe cabia, ao notar que não há vigilância, exterioriza seu defeito e engana a confiança do mestre, imaginando que está sendo medido pela nota que consiga na resposta dos problemas. 

Entretanto, o que está em jogo nesta prova não é a exatidão das respostas, mas, sim, o comportamento pessoal diante do desafio. 

No final da última hora, o que se avalia é o caráter do aluno, não o seu conhecimento. É com que honestidade responde diante do desafio. É como responde, mais do que o que sabe. 

Essa é a realidade da Terra. 

Todos os alunos da vida estão sob as vistas dos que os tutelam e inspiram, vinte e quatro horas por dia. 

Ao fim do exame, será apurada não a exatidão das respostas que emitiram nas experiências de aprendizagem, mas como se conduziram ao participar do teste. 

Notas elevadas, fruto da conduta fraudulenta, desqualificarão o aluno desonesto que, em verdade, não entendeu que uma escola não tem a função primordial de transferir conhecimento e, sim, a de formar o caráter. 

Por isso, alunos que não lograram notas elevadas, mas foram honestos na maneira como se conduziram diante do teste, podem terminar promovidos por haver perseverado na correção de condutas, sem ceder à tentação das boas notas obtidas por meios ilícitos. 

A Terra não está sendo submetida a uma depuração intelectual. Avançou bastante nessa direção e já conquistou um tesouro de aprendizado. 

Trata-se da depuração ética, que somente uma prova sem fiscal pode avaliar, pois, então, cada um demonstrará qual o seu verdadeiro caráter. 

No final desta última hora, observemos o conteúdo de 0 evangelho segundo o espiritismo, no capítulo XX, “Os últimos serão os primeiros”: 

O obreiro da última hora tem direito ao salário, mas é preciso que a sua boa-vontade o haja conservado à disposição daquele que o tinha de empregar e que o seu retardamento não seja fruto da preguiça ou da má-vontade. Tem ele direito ao salário, porque desde a alvorada esperava com impaciência aquele que por fim o chamaria para o trabalho. Laborioso, apenas lhe faltava o labor. 

Se, porém, se houvesse negado ao trabalho a qualquer hora do dia; se houvesse dito: “tenhamos paciência, o repouso me é agradável; quando soar a última hora é que será tempo de pensar no salário do dia; que necessidade tenho de me incomodar por um patrão a quem não conheço e não estimo! quanto mais tarde, melhor”; esse tal, meus amigos, não teria tido o salário do obreiro, mas o da preguiça. 

Que dizer, então, daquele que, em vez de apenas se conservar inativo, haja empregado as horas destinadas ao labor do dia em praticar atos culposos; que haja blasfemado de Deus, derramado o sangue de seus irmãos, lançado a perturbação nas famílias, arruinado os que nele confiaram, abusado da inocência, que, enfim, se haja cevado em todas as ignomínias da humanidade; que será desse? Bastar-lhe-á dizer à última hora: Senhor, empreguei mal o meu tempo; toma-me até ao fim do dia, para que eu execute um pouco, embora bem pouco, da minha tarefa, e dá-me o salário do trabalhador de boa vontade? Não, não; o Senhor lhe dirá: “Não tenho presentemente trabalho para te dar; malbarataste o teu tempo; esqueceste o que havias aprendido; já não sabes trabalhar na minha vinha. Recomeça, portanto, a aprender e quando te achares mais bem disposto, vem ter comigo e eu te franquearei o meu vasto campo, onde poderás trabalhar a qualquer hora do dia.” 

Para fazer jus ao salário do bom servo, é necessário tê-lo sido sempre, mesmo quando o trabalho ainda não lhe houvesse sido assinalado. 

E os invigilantes de sempre, ao sentir a aproximação da tormenta, tentarão tomar o lugar dos bons servos, invocando falsa devoção perante o Julgador. 

Imaturos, fraudariam todo o processo se isso lhes fosse permitido. Pesam contra eles, no entanto, as sucessivas adulterações demonstrando suas más inclinações. 

Não será, portanto, o religiosismo dos homens que decidirá o destino de cada pessoa. Não conseguirão o diploma aqueles que pareceram bons alunos nem os que se filiaram a um ou outro caminho religioso. 

A coroa de luz ornamenta a Terra, e a grande festa está preparada, faltando apenas a chegada do noivo para presidi-la. 

Assim, aos que estão no mundo com olhos de ver e ouvidos de ouvir, não se permitam adiar o serviço no bem, o único que salva. 

Alguns tentarão desnaturar a urgência desse trabalho, lançando indagações e argumentos contra as predições, tentando, assim, manter as aparências de calmaria. 

Alguns manterão a orquestra tocando enquanto o navio naufraga. 

Não seja você, entretanto, quem se mantém dançando no grande salão. 

Vá em busca de seu salva-vidas e coloque-o a tempo. 

Ao sair do hipnotismo coletivo, não ingresse no desespero geral. Mantenha a serenidade e a confiança em Deus. 

Lembre-se de que, se você sempre foi um bom aluno, não é necessário ter medo da prova. Muito menos se preocupar se está ou não sendo fiscalizado. 

Multiplique seus esforços, empenhando nisso seu tempo, seus recursos e tudo o que se fizer necessário para que mais e mais irmãos possa sair da ilusão. 

Ide e pregai a palavra divina. E chegada a hora em que deveis sacrificar à sua propagação os vossos hábitos, os vossos trabalhos, as vossas ocupações fúteis. 

O pai não será capaz de salvar o filho, nem o filho ao pai, nem um ao outro, eis que a salvação, conforme está estampada no ensinamento do próprio Jesus, é conquista individual. No entanto, bons exemplos podem inspirar boas condutas. Boas palavras auxiliam novas deliberações. 

Amparo na fragilidade pode reerguer alguém e fazê-lo superar a si mesmo, voltando a crer em sua capacidade. 

Eis a seara que espera por todos. 

Não interromper a caminhada, mesmo sob a pedrada da crítica, a deserção dos amigos, a incompreensão dos companheiros ou a falência do corpo. 

Nada é capaz de impedir que você seja bom e que faça o bem. 

E, quando se aproximam os minutos finais da última hora, recordem-se das palavras do noivo prestes a chegar, inseridas no subtítulo “Os obreiros do Senhor”, no mesmo capítulo de O evangelho segundo o espiritismo que aqui se comenta: 

Deus procede, neste momento, ao censo dos seus servidores fiéis e já marcou com o dedo aqueles cujo devotamento é apenas aparente, a fim de que não usurpem o salário dos servidores animosos, pois aos que não recuarem diante de suas tarefas é que ele vai confiar os postos mais difíceis na grande obra da regeneração pelo espiritismo. Cumprir-se-ão estas palavras: “Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros no reino dos céus.” — O Espírito de Verdade (Paris, 1862) 

Não espere, pois, leitor querido, que um cometa, um planeta ou uma estrela se apresente no horizonte para ter certeza de que a hora chegou. 

Aproveite a hora que passa para que, em tempo, você esteja a postos no trabalho do bem, não importando quando seja a hora determinada para o julgamento. 

Aos que têm a lucidez suficiente para entender os sinais da atualidade, não será necessário recorrer a estas páginas, pois já devem estar com as mãos na charrua, sem olhar para trás. 

Mas aos que ainda claudicam, duvidam ou vacilam, que estas palavras lhes sirvam de cântico fraterno, lembrando-lhes a missão de serviço na melhoria de si mesmo, pela implantação dos valores nobres em seus pensamentos e atitudes. 

Não é de dizer Senhor! Senhor! que entrará no reino dos céus – isso já é sabido. 

A questão é a de se adotar as atitudes que façam a vontade do Pai. 

Este é o objetivo desta série “Transição planetária”, que se vem desenvolvendo a partir do romance Despedindo-se da terra, seguido pelos Esculpindo o próprio destino e Herdeiros do novo mundo, até o presente No final da última hora. 

As forças do Espírito se unem aos encarnados. 

As humanidades solidárias os apoiam e aguardam a demonstração de seus valores. 

E Jesus espera recolher as boas sementes que lançou há quase dois mil anos, agora multiplicadas por cem, pelos esforços que cada um possa empenhar na implantação do reino de Deus em si mesmo e no coração dos semelhantes. 

Lucius;
Psicografia: André Luiz Ruiz;
Do livro: No Final da Última Hora, cap. 42.




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