Médiuns Seguros (Vianna de Carvalho - Divaldo Franco)

O esforço constante desenvolvido pelo médium para domar as suas más inclinações e vencer os impulsos negativos credencia-o à simpatia dos bons espíritos, que nele vêem um instrumento útil para os objetivos elevados do bem. 

Esse esforço, que não deve cessar, aprimora-lhe o caráter e trabalha-lhe a vontade, que se dirige para o exercício das virtudes, superando as tendências perniciosas que remanescem do passado espiritual de onde todos procedemos. 

Com a disposição de afeiçoar-se à lavoura do progresso moral, aplaina as anfractuosidades do temperamento e elege a abnegação, o amor e a caridade como recursos de que se utilizará nas várias conjunturas do caminho, melhorando-se sempre. 

Ao mesmo tempo, o gosto pelo estudo dá-lhe amplitude de discernimento para valorizar e distinguir com acerto o que é ou não proveitoso para o seu desenvolvimento, ao mesmo tempo identificando a qualidade das comunicações de que se faz objeto, ascendendo, no campo vibratório, às faixas superiores do pensamento. 

Toma como diretriz para o equilíbrio pessoal, ao lado da conduta digna, a oração e o recolhimento que lhe fortalecem as energias, amparando a área das percepções psíquicas, que ficam resguardadas das más influenciações. 

Não lhe será necessário o isolamento nem a fuga do mundo, a pretexto injustificável de buscar o silêncio e as condições propiciatórias para o ministério. 

Lugar algum pode proporcionar esses valores, além do caráter físico de que se revestem. Isto porque, aonde o indivíduo vai, leva consigo a sua individualidade, não se podendo evadir dos hábitos, das construções mentais e aspirações que lhe sejam particularmente apetecíveis. 

Desse modo, o silêncio interior, que decorre da paz de consciência, é mais importante do que o originado na exclusiva estesia da natureza. 

Outrossim, a oração sem palavras, resultado da natural ligação mental com as fontes do bem, faculta uma absorção de ondas estimuladoras, que ativam o sistema nervoso central do sensitivo e encorajam-lhe os sentimentos, em razão do conteúdo mental de que se fazem portadoras. 

O médium seguro é uma pessoa aparentemente comum, no entanto, em se tratando de um paranormal, possui uma constituição que lhe possibilita a captação do psiquismo dos espíritos, bem como das suas energias, sendo, portanto, necessário impor-se um comportamento compatível com a sua realidade. 

Tendendo, a faculdade mediúnica, a ampliar o seu setor de ação, o bom servidor vigia-lhe o desdobramento, a fim de acompanhá-la, permanecendo em perfeita identificação de atividade, de modo a canalizar-lhe todos os recursos para os relevantes fins morais e espirituais que lhe devem constituir meta inamovível. 

Não faltam escolhos no caminho de todos os homens, especialmente no daqueles que se entregam aos ideais do progresso humano. 

No que tange aos impedimentos que surgem para dificultar o êxito dos médiuns seguros, ei-los que se multiplicam, desafortunadamente, em decorrência dos seus próprios erros, como também da maldade dos espíritos imperfeitos e perversos que lhes invejam a tarefa ou a detestam, por se sentirem prejudicados nos propósitos e ações infelizes que se permitem, voltando-se, portanto, contra aqueles que supõem constituir-lhes estorvo. 

O médium seguro é, pois, aquele por quem se comunicam bons espíritos, inspirando confiança em razão da sua vida de altruísmo e abnegação, de serviço ao bem, de fé e de caridade, não estando exposto à leviandade, nem à influenciação das más entidades, mantendo-se sempre sereno e correto nos momentos de júbilo como de provação, face à confiança que deposita em Deus e à consciência que possui em torno da sabedoria das Suas leis, submetendo-se a Sua vontade como servidor que cumpre airosamente com o seu dever em qualquer circunstância. 

Não se deixando iludir pela lisonja dos amigos invigilantes, nem pela perturbação dos adversários gratuitos, e, muito menos, pelas rudes interferências dos desencarnados em desequilíbrio, avança, sem pressa, confiando no resultado da boa sementeira, com os olhos postos no futuro, enquanto, no presente, age com sinceridade e constância. 

Nele se desenvolvem várias especialidades, destacando-se uma ou outra que lhe pode ser mais útil, permanecendo, as demais, como auxiliares indispensáveis para a boa realização da tarefa a executar. 

Em se caracterizando os requisitos do médium seguro, a humildade real, sem a dissimulação que a si mesma se engana, com espontânea manifestação de simplicidade, é relevante. Não é necessário que se esteja a decantá-la e apresentá-la, escamoteando o orgulho e a presunção ainda predominantes em sua natureza. Ela não dispensa a autenticidade moral, o recolhimento do próprio valor... A humildade é como a luz. Onde se encontra, brilha sem delongas, nem disfarces. É natural e autêntica. 

São João Crisóstomo afirmava que, ao escrever a interpretação das cartas paulinas, o Apóstolo dos Gentios as ditava aos seus ouvidos. 

São Gregório, o apóstolo de Neocesaréia, informava que João Evangelista aparecera-lhe, apresentando “o símbolo da fé pregado por ele na sua igreja”. 

Santo Tomás de Aquino mantinha constante intercâmbio com os espíritos que o informavam da vida na erraticidade. 

A senhora d’Espérance produziu extraordinários fenômenos mediúnicos jamais contestados. 

Médiuns seguros sempre se destacaram na história da humanidade, sendo hoje, mais fácil detectá-los e torná-los dignos de fé, graças à doutrina espírita que lhes é o guia de conduta inigualável e de apoio incomum. 

Espírito: Vianna de Carvalho; 
Psicografia: Divaldo P. Franco;
Do livro: Médiuns e Mediunidades.




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